06 Maio 2025
A Universidade Católica celebrou o Dia Mundial da Língua Portuguesa com uma sessão que conjugou uma visão poética e uma perspectiva objectiva do presente e futuro do português no mundo.
O Dia Mundial da Língua Portuguesa foi assinalado ontem na Universidade Católica Portuguesa (UCP) - Braga com uma sessão que contou com duas abordagens distintas sobre a língua de Camões. A escritora Djaimilia Pereira de Almeida e o professor Augusto Soares da Silva foram os oradores convidados, levando-nos a reflectir sobre o papel actual e futuro do português no mundo.
Uma visão mais intimista e poética foi transmitida por Djaimilia Pereira de Almeida. A escritora, activista e académica confessou ser “especialmente difícil falar da língua por si só. Uso a língua todos os dias, é a minha ferramenta de trabalho, mas falar da língua isoladamente, sem falar dos problemas que ela me suscita, das angústias e alegrias que me vai causando é bastante difícil”.
Assim, e de uma forma artística, Djaimilia Pereira de Almeida falou-nos acerca da temática ‘A minha língua’ através de um texto que nos revelou que a nossa língua é o nosso lugar. “Tens de habitá-la como quem habita um bairro. Disse-me uma pessoa amada em tempos: nenhuma costa ou paisagem se pode substituir às palavras. A língua não tem pele ou polícia fronteiriça, é um estalajadeiro afável, acolhe-nos na estalagem, estende-nos pão e água, aquece-nos com o seu corpo, sem olhar às escaras na nossa pele”, disse.
Já numa perspectiva mais objectiva, o professor Augusto Soares da Silva levou-nos a reflectir sobre a questão ‘O Português são dois, três, quantos?’. Em análise estiveram pontos como: o português no mundo, o português enquanto língua pluricêntrica, o bicentrismo português europeu e português do Brasil, a nativização das variedades africanas, e que português para o século XXI?
Perante a questão central ‘O Português são dois, três, quantos?’, o professor notou que “são vários, mas cada vez mais pluricêntricos, com dois padrões estabelecidos, designadamente, o português europeu e o português brasileiro, e três a nativizar-se, nomeadamente, o português moçambicano, angolano e são-tomense”.
Augusto Soares da Silva defendeu que as políticas de língua devem promover o pluricentrismo do português, e isto deve traduzir-se numa estandardização pluricêntrica que passe por desenvolver instrumentos normativos (dicionários e gramáticas) para as variedades emergentes; instrumentos normativos (dicionários e gramáticas) pluricêntricos; promover a estandardização informal das variedades emergentes através da televisão, jornais e internet; desenvolver práticas educacionais e materiais didáticos para o ensino do português como língua pluricêntrica; e promover uma política de gestão multilateral dos padrões nacionais com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, e com a colaboração activa do Instituto Camões, e do Instituto Guimarães Rosa, no Brasil.
“Se isto for feito, poderá constituir a base sólida para desenvolver um padrão panlusófono, um padrão supranacional comum que irá promover a internacionalização da língua portuguesa”, concluiu.
09 Maio 2025
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