Braga, terça-feira

Comércio bracarense estima quebras de 12 milhões de euros na Semana Santa

Economia

03 Abril 2021

Paula Maia Paula Maia

Sector alimentar é o menos penalizado, mas longe de outros tempos. No alojamento, as perdas chegam aos 95% e na restauração aos 80%. Comerciantes pedem bom-senso para as medidas de desconfinamento que se avizinham.

A Associação Comercial de Braga (ACB) estima uma quebra de receitas na ordem dos 12 milhões de euros no sector do comércio local durante a Semana Santa. As fortes restrições impostas neste período fazem com que o volume de negócios - que se tem vindo a agudizar nos últimos meses - se torne incomparável face a igual período anterior à pandemia.


“É uma quebra muito significativa”, referiu ao CM o director-geral da ACB, indicando que os números oscilam de sector para sector, sendo que um dos mais afectados é o do alojamento, onde se prevê uma quebra de receitas na ordem dos 95%. Com a proibição de circulação entre concelhos, os hotéis da cidade registam taxas de ocupação que não ultrapassam os 8%, sendo que a maioria dos hóspedes se desloca à cidade por motivos profissionais.
 

 A restauração é outro dos sectores que sofre com o impacto do confinamento, numa altura do ano onde o volume de facturação conhecia um acréscimo significativo à custa dos milhares de turistas que visitavam a cidade. De acordo com Rui Marques, as quebras de facturação na restauração deverão ascender aos 80%. “Há uma parte substancial de restaurantes que se encontra encerrada. Os que se mantêm abertos, em regime de take-away, podem minimizar as quebras mas, mesmo assim, estamos a falar de perdas muito grandes”, diz o responsável.


Há, no entanto, sectores que “estão em contraciclo”, como é o caso do comércio alimentar ou dos produtos tecnológicos, que registarão, mesmo assim, quebras de 30%.
 

O comércio alimentar, segundo Rui Marques, é aquele que mais receitas gera mesmo em contexto de crise pandémica. Em época de tradições gastronómicas, os bracarenses procuram colocar na mesa as iguarias da Páscoa, reflectindo uma maior procura junto dos estabelecimentos de venda de produtos alimentares, como é o caso das pastelarias. “Este é também um dos sectores que beneficia com o facto das pessoas estarem mais tempo em casa, seja por via das restrições à mobilidade, seja do teletrabalho. Porém, nesta quadra da Páscoa em especial, atendendo à impossibilidade das pessoas se poderem deslocar entre concelhos, muitas famílias não se poderão juntar e isso poderá conduzir a algum arrefecimento na procura de algum tipo de bens alimentares”, refere Rui?Marques, sublinhando, no entanto, que este sector tem vindo “sistematicamente a crescer face aos meses homólogos do ano anterior, “seja em estabelecimentos de maior dimensão, como é o caso dos super e hipermercados, mas também ao nível do pequeno retalho alimentar, como as mercearias e mini-mercados”, beneficiando também do facto de “não haver muito consumo fora de casa, nomeadamente em restaurantes”.
 

À espera da nova fase de desconfinamento, o director-geral espera o governo “aprenda com a experiência passada” e que haja “razoabilidade” nas medidas.


Acreditando que vai ser seguido o plano já delineado, o director-geral assume que as limitações que serão aplicadas ao fun- cionamento quer do comércio, quer dos estabelecimentos de restauração que podem abrir já a partir do dia 5 será uma das questões fundamentais, solicitando, por isso, bom senso.

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