Braga, sábado

Escola Inclusiva, o projeto do IPVC que promove a ligação entre ensino e território

Regional

09 Junho 2025

Redação

Politécnico de Viana do Castelo distingue projetos pedagógicos com impacto social na comunidade

Foram apresentados os projetos vencedores da 2.ª edição dos Prémios Escola Inclusiva – Aprendizagem em Serviço, uma iniciativa institucional do Politécnico de Viana do Castelo que, ao longo de uma década, tem desafiado estudantes e docentes a desenvolverem soluções reais para problemas concretos da sociedade.

Com uma década de existência, o projeto institucional de Aprendizagem em Serviço (ApS) do Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) continua a afirmar-se como um motor de inovação pedagógica com impacto social. A segunda edição dos Prémios Escola Inclusiva – Projetos de Aprendizagem em Serviço, referentes ao ano letivo 2023/24, distinguiu três projetos, selecionados entre cerca de 30 propostas, envolvendo mais de 240 estudantes, 22 docentes e 20 entidades parceiras.

O 1.º lugar foi atribuído ao projeto “Trilho por terras de Refoios”, coordenado pela docente Joana Nogueira, e que propôs a criação de um percurso pedestre circular com cerca de 7,5 km, com início e fim na Escola Superior Agrária (ESA-IPVC), em Ponte de Lima. Realizado em colaboração com a Junta de Freguesia de Refoios do Lima, o projeto pretende valorizar caminhos rurais já existentes, promovendo a mobilidade suave, o turismo de natureza e o reencontro da comunidade com o território.

Projeto vencedor quer valorizar o património local, natural e cultural

Colocar “Trilho por terras de Refoios” em prática levou dois anos letivos e envolveu mais de 30 estudantes do CTeSP em Turismo Rural e de Natureza e do curso de licenciatura em Engenharia do Ambiente e Geoinformática, ambas formações da Escola Superior Agrária do Politécnico de Viana do Castelo. “Queríamos dar uma nova vida a trilhos que já existem, sem abrir novos caminhos, respeitando a sustentabilidade e valorizando o património local, natural e cultural”, explicou Joana Nogueira, na passada sexta-feira, durante a apresentação pública dos projetos vencedores do ano letivo 2023/24, que decorreu na Escola Superior de Educação (ESE-IPVC).

Além de promover o próprio trilho, o projeto permitiu ainda dar visibilidade ao turismo rural e a espaços gastronómicos, enquanto “reconectou” e permitiu que a comunidade “redescobrisse” o território. “É através de projetos assim que os estudantes associam a teoria com a prática, deixando algo que vai para além da sua passagem pela Escola.”

Refood, como desenvolver um projeto que permita angariar voluntários e novos parceiros

O 2.º lugar foi atribuído ao projeto “Conteúdo com impacto: Refood Viana Online”, coordenado pela docente Carla Rocha. Desenvolvido por estudantes do 2.º ano do CTeSP em Marketing Digital e E-Commerce, da Escola Superior de Ciências Empresariais (ESCE-IPVC), o projeto teve como objetivo apoiar a delegação de Viana do Castelo da instituição Refood na criação de uma estratégia de marketing digital e no desenvolvimento de conteúdos capazes de aumentar a sua visibilidade, atrair novos voluntários e mais parceiros, e comunicar de forma eficaz a sua missão.

“Este foi um projeto que teve impacto tanto nos estudantes como na própria instituição, reforçando a ligação entre a comunicação digital e o voluntariado. Foi fantástico ver como os estudantes se envolveram. Tudo foi enquadrado em conteúdos pedagógicos e percebemos que este género de projetos desafia efetivamente os estudantes, e permitem-lhes adquirir ferramentas diferenciadoras. Acredito que são projetos que os marca positivamente”, sublinha Carla Rocha.

“Recriar” o espírito de Natal junto das crianças institucionalizadas da Associação Ajuda de Berço

A fechar o pódio, o 3.º lugar distinguiu o projeto “Natal feliz: sorrisos que aquecem”, uma iniciativa que envolveu sete estudantes do curso de licenciatura em Educação Básica, da Escola Superior de Educação (ESE-IPVC), no âmbito da unidade curricular de Artes, Pedagogia e Cidadania Crítica.

Com coordenação das docentes Adalgisa Pontes e Linda Saraiva, o projeto foi desenvolvido junto da Associação Ajuda de Berço e incluiu 24 atividades temáticas, com jogos, danças e dinâmicas em torno do Natal. “Foi uma experiência transformadora. Trabalhámos com crianças institucionalizadas que, muitas vezes, não vivenciam esta época como num ambiente familiar. Procurámos proporcionar momentos de alegria e partilha, com impacto tanto para elas como para nós”, partilhou Ariana Pinheiro, uma das estudantes envolvidas. A par de Ariana, o projeto foi desenvolvido por Diliana Oliveira, Mariana Barros, Ana Monteiro, Adriana Lopes, Soraia Rocha e Madalena Feio.

Escola Inclusiva do IPVC envolve mais de 90 projetos e meia centena de parceiros

Desde o seu início, o projeto de Aprendizagem em Serviço do IPVC já envolveu mais de 90 projetos, 80 docentes, 50 parceiros e mais de 920 estudantes, afirmando-se como uma referência no desenvolvimento de práticas pedagógicas baseadas em metodologias ativas e pela ligação à comunidade.

Durante a apresentação pública dos projetos, realizada na passada sexta-feira, a vice-presidente do IPVC, Ana Sofia Rodrigues, destacou que este é um projeto de cocriação, “só possível com as entidades que se associaram ao IPVC”, e que representa um compromisso institucional com a formação de cidadãos conscientes, responsáveis e capazes de agir sobre os desafios concretos da sociedade.

“É um modelo pedagógico enquadrado e multidisciplinar que permite aos estudantes aprender com o território, com as pessoas e com os problemas reais. Alguns projetos já estão implementados e outros estão prontos a sair para o terreno. Todos têm um denominador comum: o impacto positivo na comunidade e na formação de quem os desenvolve”, concluiu Ana Sofia Rodrigues.

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