Braga, quinta-feira

Heróis de primeira não querem salários de segunda

Regional

13 Maio 2020

Redação

Enfermeiros promoveram uma manifestação virtual para assinalar Dia Internacional do Enfermeiro onde exigem a valorização da carreira.

Foi através dos seus sapatos que cerca de meia centena de enfermeiros deram ontem forma a uma manifestação virtual que teve lugar junto ao Arco da Porta Nova.

Na data em que se assinalou o Dia Internacional do Enfermeiro, esta acção inédita foi a forma encontrada por estes profissionais de saúde na primeira linha do combate ao Covid-19 para fazerem valer as suas reivindicações para uma maior valorização da sua carreira.

Se a iniciativa é inédita - condizente com os tempos que estamos a enfrentar - algumas das reivindicações dos enfermeiros são já antigas.

Ao CM Nelson Pinto, responsável da delegação regional do Minho do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, adianta que é urgente o reforço de enfermeiros nos diversos serviços de saúde nacionais, e que a nova carreira pela qual lutaram não acarretou a valorização salarial que era exigida. “Aquilo que ganhávamos na antiga carreira é mantido na actual, além de limparem todo o boletim de serviço que os enfermeiros tinham”, diz.

O dirigente sindical diz que os enfermeiros foram actualizados no seu vencimento base de acordo com a nova grelha salarial publicada em 2010, “mas todo o tempo de serviço que tinham acumulado até aí, numa futura promoção, não serviu para nada”, continua o responsável, dando conta que “há milhares de enfermeiros” que nunca souberam o que é uma valorização salarial através da contagem do tempo de serviço.

Nelson Pinto fala ainda dos enfermeiros especialistas que não foram colocados na respectiva categoria. “Temos também milhares de enfermeiros nesta situação que nunca progrediram”, continua. O dirigente fala também do caso particular dos enfermeiros que trabalham no Hospital de Braga e que continuam a ganhar “148 euros abaixo da tabela salarial” já que não foi ainda assinado o contracto colectivo de trabalho. “Aguardamos que os hospital de Braga nos envie os documentos para a concretização do contrato colectivo de trabalho que lhes permita colocar na devida posição salarial”, explica. Actualmente, segundo o dirigente sindical, são 168 os enfermeiros a desempenhar funções na unidade hospitalar bracarense que auferem apenas 1 040 euros, em vez dos 1 200 que está estipulado.

“Todos os enfermeiros contratados após a transição do hospital para a esfera pública ganham 1200 e os outros colegas continuam a ganhar 1 060”, afirma Nelson Pinto. Além do pagamento do ordenado que está estipulado na nova carreira, os enfermeiros exigem também o pagamento dos respectivos retroativos.

Deixa o teu comentário