Braga, terça-feira

Hugo Soares: Aumentar votação é objectivo da AD que aposta em lista 100% do distrito

Diversos

03 Maio 2025

Marlene Cerqueira Marlene Cerqueira

É com Hugo Soares, candidato da Aliança Democrática (AD) - a coligação PDS/CDS-PP - que Correio do Minho conclui a série de entrevistas aos cabeças-de-lista, por Braga, dos partidos com assento parlamentar, na antecâmara das eleições de 18 de Maio. Aumentar o número de votos e o número de mandatos face a 2024 é o grande objectivo desta candidatura.

A Aliança Democrática (AD) espera dos bracarenses um voto de confiança justificado pelo trabalho desenvolvido na legislatura que agora termina. “Fizemos tanto em 11 meses. Confiem em nós para dar a estabilidade que o país precisa porque estamos cá para resolver os problemas concretos das pessoas”, apelou Hugo Soares, o cabeça-de-lista da coligação PSD/CDS-PP pelo círculo eleitoral de Braga, na entrevista à rádio Antena Minho, jornal Correio do Minho e CMinho TV, conduzida pelo jornalista Rui Alberto Sequeira.

O também secretário-geral e líder do grupo parlamentar do PSD reafirmou que o objectivo da candidatura da AD, “neste círculo eleitoral, como nos outros” é “aumentar o número de votos e aumentar o número de mandatos” face aos resultados obtidos nas Legislativas de 2024.

São duas as razões que levam Hugo Soares a colocar os objectivos eleitorais naquele patamar.

A primeira é o que foi concretizado nos últimos 11 meses. “Nós cumprimos com a nossa palavra. Nós baixámos os impostos sobre as pessoas, nós baixámos os impostos sobre as empresas, nós aumentámos duas vezes as pensões dos pensionistas e dos reformados, nós aumentámos duas vezes o complemento solidário para idosos (...), nós valorizamos 19 carreiras da administração pública, nós devolvemos a paz à escola pública, dignificando a carreira do professor, nós valorizámos as forças e os serviços de segurança, nós apostamos nos jovens com o IRS Jovem e a isenção de impostos na compra de primeira habitação”, elencou Hugo Soares, realçando que “quem se apresenta perante os eleitores com este legado pode ambicionar, humildemente, a ter um melhor resultado”.

A segunda razão é o facto de a AD apresentar uma lista só com nomes do distrito e “de grande qualidade”.

Hugo Soares defendeu ainda que a AD tem um projecto fiável e pede “a todos os que vivem e trabalham neste distrito” para que comparem “estes 11 meses de realizações no distrito de Braga, com os oito anos da Governação do Partido Socialista”. Reorganização do Nó Infias, variante das Terras de Basto, variante de Vila Verde e Hospital de Barcelos são apontados como exemplos de projectos que com o PS eram “dossiês na gaveta”, mas que deram passos com o actual Governo da AD.

“Atendendo a estas razões, eu creio que é legítimo que, com humildade, a AD, a coligação PSD/CDS-PP possa pedir aos bracarenses um voto reforçado de confiança”, afirmou o cabeça-de-lista da AD, que em 2024 elegeu oito deputados pro Braga.

AD pede “vitória robusta”

Hugo Soares não pede maioria absoluta aos eleitores, mas lembra que é necessária “uma vitória robusta” para fazer valer os compromissos eleitorais desta coligação.

“Apelamos ao voto útil para reforçar a estabilidade que o país precisa”, sublinhou Hugo Soares, argumentando que “o país não aguenta estes mini-ciclos” governativos e alertando que o Governo não pode estar depedente de outras forças políticas para governar. “Ouvir, às vez, o secretário-geral do PS dizer que deu toda a estabilidade do mundo para que o Governo governasse é um bocadinho ridículo”, afirmou, lembrando as difíceis negociações para fazer aprovar o Orçamento de Estado, o que só aconteceu graças “à grande capacidade de negociação” de Luís Montenegro. Acusou ainda o PS de, na primeira oportunidade, ter derrubado o Governo, ao não viabilizar a moção de confiança.

Hugo Soares confirmou que a Iniciativa Liberal é “um parceiro fiável” para construir uma solução de Governo e garantiu que Montenegro só vai ser primeiro-ministro se a AD for o partido mais votado. “Nós não fazemos a soma do 2.º com o 3.º para substituir o 1.º, como fizeram em 2015”, afirmou Hugo Soares.

AD quer imigração regulada e com humanismo

Hugo Soares fez um apelo “muito concreto” a quem, nas últimas Legislativas, votou no Chega para que, desta vez, vote na Aliança Democrática, argumentando que nesta legislatura o partido de André Ventura não só foi “cúmplice do PS”, como também “desprestigiou” as instituições.

“Eu queria mesmo falar para essas centenas de milhares de portugueses que votaram Chega. Eles sabem hoje que foi um voto desperdiçado”, disse, considerando o Chega “uma desilusão” para esses eleitores que acabaram por escolher “um conjunto de deputados” que “não tinham sequer condições para representar os representar” na Assembleia da República.

“Uma coisa é os grupos parlamentares terem pessoas que têm problemas com a justiça e que depois os resolvem ou não (....), mas casos como aqueles que aconteceram no Chega e a forma como deputados do Chega desprestigiaram as instituições, como boicotaram o normal funcionamento da Assembleia da República, como insultaram colegas do Parlamento... creio que os eleitores não querem isso para o nosso regime”, disse.

Hugo Soares rejeitou a ideia de que a AD quer ocupar espaço do Chega, nomeadamente quando se fala de imigração. O candidato da AD lembrou que já na última campanha tinha afirmado que “os temas da segurança e da imigração foram sempre temas em que o PSD teve especial responsabilidade” e realçou que nestes 11 meses a AD regulou “com firmeza a imigração, que estava desregulada”.

“A imigração em Portugal era uma bagunça”, criticou, aproveitando para lembrar que o Chega e o PS votaram contra a criação da Unidade de Estrangeiros e Fronteiras na PSP.

Hugo Soares é taxativo ao afirmar que “precisamos de imigrantes”, pois “o país precisa de gente para trabalhar e ainda bem, pois é sinal da pujança da economia’, mas salvaguarda que “não podemos é deixar as portas escancaradas sem saber quem cá temos”.

“Portugal tem uma obrigação de receber com humanismo. Nós não podemos aceitar que vivam 10, 15, 20 pessoas na mesma casa. Mas também temos especiais responsabilidades de segurança e de percepção da segurança. Portanto, actuamos de dois lados. Do lado da procura, ou seja, do lado das empresas que precisam de pessoas para trabalhar. E o que fizemos foi: as empresas procuram, recrutam os imigrantes e são responsabilizadas pela legalização e pela habitação dessas pessoas. Do lado da entrada escancarada, acabamos com simples manifestação de interesse”, afirmou, esclarecendo que durante esse processo se o vínculo entre a empresa e o imigrante for quebrado, este “terá de regressar” ao país de origem. O cabeça-de lista por Braga admite ainda a abertura do debate sobre o prazo para a obtenção da cidadania portuguesa.

PPP regressa ao Hospital

O regresso da parceria público-privada ao Hospital de Braga será uma realidade se a AD ganhar as eleições. Na saúde - que a par da educação e da habitação - é apontada como área prioritária, Hugo Soares reconhece que existem problemas, derivados sobretudo da falta de médicos, o que só se resolverá com a aposta na formação de novos clínicos. Nesta área lembrou que este Governo já baixou em 35% o tempo de espera nas urgências e que conseguiu que “praticamente todos” os doentes oncológicos realizassem cirurgia dentro do prazo recomendado. Para a AD, a resposta na área da saúde passa por aproveitar a capacidade instalada no sector privado e social. “Ou temos uma visão integrada sobre todo o sistema nacional de saúde, ou estamos a pôr em causa do Serviço Nacional de Saúde”, alertou.

Na habitação, a par dos incentivos fiscais para os jovens até 35 anos que se vão manter, o candidato lembrou que a AD duplicou o número de casas que vão ser construídas no âmbito do PRR, num total de 60 mil. Apontou ainda a desburocratização para agilizar a construção de nova habitação, de forma de reduzir os preços.

A carga fiscal também foi abordada nesta entrevista, com Hugo Soares a esclarecer que houve de facto redução de impostos, mas também houve retenção na fonte, o que fez com que as pessoas ficassem com mais dinheiro no fim do mês. Isso fez com que o valor do reembolso em sede de IRS diminuísse.

Deixa o teu comentário