30 Julho 2019
É um lugar sagrado para os devotos que continuam a depositar toda a sua fé em Santa Marta das Cortiças. Milhares voltaram a rumar este fim-de-semana à maior das romarias do concelho, que ontem teve três missas e muitas promessas.
Em Santa Marta das Cortiças, Esporões, a tradição ainda é o que era e, ontem, milhares de fiéis voltaram a rumar ao monte sagrado para cumprir promessas e pedir protecção divina. Advogada das amas de casa, dos serventes, cozinheiros, camareiros e especialistas em dietética, Santa Marta continua a ser local de culto por excelência, mas também espaço de convívio e partilha para muitas famílias e amigos que ali peregrinam, ano após ano.
Aos 83 anos, Amélia Castro, de Travassós, concelho de Fafe, continua a cumprir a sua devoção, colocando a figura de Santa Marta à cabeça, como requere o ritual antigo e nesse mesmo acto rezando-lhe fervorosamente. “Todos os anos venho aqui”, garantiu. “Tenho muita devoção a Santa Marta das Cortiças, a quem agradeço tudo o que tem feito por mim e pela minha família”, disse a mãe de quatro filhos, “todos bem de saúde e com sorte no trabalho”. “Adoro este lugar sagrado pela beleza que tem e depois é muito lindo ver aqui todos a partilhar merendas e amizades”.
A idosa foi uma das milhares de romeiros que cumpriram o mesmíssimo ritual, numa área lateral da capela, onde a comissão festiva vende estampas e membros do corpo e velas de cera a quem cumpre promessa.
José Dias da Silva e a esposa Maria Rosa Ferreira são de Esporões e uma presença assídua na romaria. “Vimos todos os anos, primeiro porque somos devotos de Santa Marta e depois porque o convívio que aqui se gera é muito bonito e une as pessoas”, confessaram. Já no respasto, a família Bita partilhava a merenda, convidando com alegria quem passava e quisesse petiscar alguma coisa.
A origem da Capela de Santa Marta das Cortiças é longínqua, com as referências mais antigas a remontarem ao séc. VIII, embora a maior parte dos estudiosos aponte para o séc. XI. O templo acabaria por se degradar ao longo dos séculos e seria mandada reedificar já no séc. XVI por D. Diogo de Sousa, venerando Santa Marta, modelo de acolhimento, hospitalidade e do serviço aos outros.
Francisco Fernandes e António Oliveira, da comissão festiva, contam que “esta é uma das romarias que move mais fiéis”. “Na verdade são as pessoas mais velhas que sentimos que têm mais fé, talvez porque antigamente os próprios pais obrigavam os filhos a frequentar mais a igreja. “Mas é sempre bom poder ver que a Santa Marta das Cortiças continua a ser uma das romarias mais fervorosas”.
“É uma das maiores romarias do concelho”
“Esta é uma das maiores e mais importantes romarias do nosso concelho”, assinalou o presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, que juntamente com o seu executivo e com os responsáveis das várias empresas municipais partilhou do espírito festivo que se viveu nos últimos dias na romaria de Santa Marta das Cortiças. Para o autarca bracarense o lugar sagrado é um dos “activos” turísticos que Braga deve promover na sua oferta.
Enaltecendo os milhares de devotos das freguesias de Braga e de muitos outros concelhos que acorrem ao lugar de culto, o edil bracarense afirmou que “é muito importante preservarmos estas tradições, valorizarmos este espírito de comunidade e projectarmos os nossos recursos turísticos e Santa Marta, com toda esta envolvente, é um dos maiores activos que temos para oferecer a quem visita Braga”.
Apontando para os investimentos recentes que melhoraram as acessibilidades ao monte de Santa Marta, sobretudo pelo lado de Esporões, o presidente da Câmara de Braga destacou “as melhores condições” que hoje dotam o espaço.
Para Ricardo Rio é preciso continuar a cuidar deste lugar, promovendo a sua “salvaguarda”, sobretudo, através de uma equilibrada utilização do espaço, que, na sua opinião, deve ser fruído na plenitude durante todo o ano.
É também nesse objectivo que está focado o presidente da Junta de Freguesia de Esporões, João Oliveira, indicando que um dos desafios maiores é também salvaguardar o monte de Santa Marta dos incêndios e depois dos últimos fogos registados em 2017, a autarquia já procedeu à reflorestação com centenas de sobreiros. Mas não só. A junta quer agora levar avante alguns melhoramentos na pavimentação do adro da igreja, providenciando o escoamento das águas pluviais, implementar iluminação pública e assim dotar o espaço de maior segurança também.
“Este continua a ser um lugar de culto por excelência, que a junta de freguesia quer preservar ao máximo e potenciar também a sua visitação turística. “Em dias claros, daqui consegue avistar-se o mar e sem dúvida que este Monte de Santa Marta merece estar no roteiro dos montes sagrados e deve ser visitado também pelos turistas”, disse.
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