Braga, quinta-feira

Município de Famalicão quer preservar paisagem camiliana

Regional

15 Março 2025

José Paulo Silva José Paulo Silva

Presidente da Câmara Municipal de Famalicão anunciou alargamento da zona de protecção da Casa-Museu de Camilo e do Centro de Estudos Camilianos, em S. Miguel de Seide.

O presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão. Mário Passos, anunciou ontem, na abertura do congresso internacional ‘Camilo Castelo Branco, 200 anos depois’, a intenção de alargar a zona de protecção da paisagem camiliana de 50 para 150 metros, em redor da Casa-Museu de Camilo e do Centro de Estudos Camilianos, na freguesia de S.?Miguel de Seide.


A Câmara Municipal e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN) já aprovaram essa proposta, a qual carece de decisão final por parte da Direcção - Geral do Património Cultural.
 

O Plano Director Municipal de Vila Nova de Famalicão define uma Zona Geral de Protecção da envolvente à Casa-Museu e ao Centro de Estudos Camilianos, num raio de 50 metros, a qual estabelece condicionantes de ocupação e de alteração do edificado.
 

Visa-se agora a criação de uma Zona Especial de Protecção de 150 metros em redor daqueles dois imóveis, assegurando a valorização da paisagem camiliana.


“Foi aqui que Camilo escreveu grande parte da sua obra e a Casa de Seide tem naturalmente uma grande dimensão simbólica que de há muito vimos a preservar na vertente museológica e cultural, mas cuja dimensão queremos alargar com a criação desta Zona Especial de Protecção”, justificou o presidente da Câmara Municipal.
 

“Camilo continua vivo e a sua obra será sempre uma obra inacabada, cabendo-nos dar-lhe continuidade. Há ainda muito para descobrir e um trabalho permanente para promover”, assumiu Mário Passos.


Na abertura do congresso intermunicipal, a ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, elogiou o trabalho que Vila Nova de Famalicão tem feito para a preservação da obra de Camilo Castelo Branco. “Temos que estudar, preservar e divulgar em todo o território esta figura intemporal que, por isso, são é só de Seide, mas fundamentalmente de todo o país e do mundo. E aqui o Município tem feito um trabalho exemplar”, disse.
 

Programa do bicentenário com edições e reedições
 

O vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN) para a Cultura, Jorge Sobrado, destacou, na abertura dos trabalhos do congresso internacional ‘Camilo Castelo Branco, 200 anos depois’, o programa vasto de edições e reedições, entre as quais uma colecção camiliana, uma edição crítica sobre correspondência, um dicionário toponímico dos romances, catálogos fotográficos e guias literários para assinalar os 200 anos do nascimento do escritor.


O bicentenário é também assinalado com “uma convocatória para novos actos de criação e de mediação”, a qual “está a gerar uma programação à imagem e semelhança do próprio Camilo: ‘rebelde e sem repouso’”.


Adiantou Jorge Sobrado que “serão centenas de actividades, muitas delas inéditas, numa comunicação democrática”.
 

Através do programa Norte 2030, a CCDRN criou uma linha de financiamento à programação do bicentenário de Camilo, no quadro da rota ‘Escritores a Norte’.


“Este bicentenário de nascimento de Camilo Castelo Branco oferece-se como oportunidade imperdível para um chamamento da sua obra numa renovada comunidade de leitores”, afirmou o vice da CCDRN, relevando a rede de 33 parceiros formada para os 200 anos, que integra municípios, universidades e instituições culturais.


“Camilo é o grande cartógrafo simbólico e psicológico do Norte, onde mora o bom coração de Portugal. Em romances, novelas, crónicas de imprensa e correspondência, ele viveu e mapeou a Região por dentro, como nenhum escritor português antes e depois dele”, constatou Jorge Sobrado, segundo o qual “em Camilo, o Norte vê-se ao espelho”.

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