Braga, sábado

No futebol português há um velho ancião e uma menina de seis ou sete anos

Desporto

12 Março 2025

Ricardo Anselmo Ricardo Anselmo

Evolução dos dois géneros do desporto rei em Portugal esteve em desconstrução na Escola Secundária de Barcelos. Dani Veloso, Maria Gaspar, Rúben Fernandes, Miguel Santos e Pedro Duarte partilharam experiências e absorveram a jovem plateia.

‘O Futebol Feminino e Masculino’ e a respectiva evolução esteve ontem em análise numa ‘Mesa Redonda’ promovida pela Escola Secundária de Barcelos, que juntou vozes da região, ligadas aos respectivos fenómenos - Dani Veloso e Maria Gaspar, directora-desportiva e capitã da equipa feminina do Gil Vicente, Rúben Fernandes, capitão da equipa masculina dos galos, ainda Miguel Santos, técnico da equipa feminina do SC Braga, e Pedro Duarte, treinador de futebol, actualmente sem clube, mas com experiência acumulada ao nível da formação e também no futebol sénior, quer masculino, quer feminino.

“Hoje em dia, as mulheres já conseguem fazer do futebol uma profissão, não apenas como jogadoras, mas também como directoras, assessoras, fisioterapeutas... Há contratos e o clube tem de dar condições de trabalho. Vocês, estudantes, podem hoje olhar para o futebol feminino e ver a possibilidade de uma carreira. Há uma evolução a todos os níveis, não só dentro de campo, mas também em toda a estrutura envolvente. O profissionalismo da arbitragem também está a caminho”, começou por enquadrar Miguel Santos, reforçando o ponto de vista.

“Vamos caminhando para a igualdade, mas a diferença é ainda naturalmente grande. O futebol masculino tem décadas e décadas de profissionalismo e o futebol feminino é ainda uma menina de seis ou sete anos”, lembrou o técnico de 40 anos, reiterando a visão encorajadora para o futuro, partilhada por Maria Gaspar, que chegou a conviver com Miguel Santos no SC Braga, há uns anos, destacando-se agora na frente de ataque das gilistas, com 14 golos em duas temporadas.

“Não quero comparar com o futebol masculino, porque acho que não faz sentido, mas têm sido dados grandes passos, claramente. Vejamos o recente recorde de assistências que foi batido num jogo de futebol femino em Portugal, num jogo da selecção nacional, no Estádio do Dragão [40.189 espectadores no Portugal-Chéquia, a 29 de Novembro do ano passado]”, realçou a luso-brasileira de 23 anos, enaltecendo ainda a recente aposta do FC Porto no futebol feminino como um importante passo para dar continuidade à evolução que tem sido vista e que se reflecte, também, pela inédita e muito honrosa presença da selecção nacional no Mundial.

“Portugal tem tido a capacidade para bater o pé às grandes potências”, elogiou, tomando como principal exemplo esse empate sem golos diante dos Estados Unidos, no Mundial de 2023, ou a iguladade de há umas semanas com a campeã europeia Ingletarra, para a Liga das Nações.

Para Dani Veloso, antiga médio, agora dedicada à coordenação do futebol feminino gilista, que representou como jogadora, numa carreira com mais de 100 jogos e quase meia centena de golos (ainda somou 27 internacionalizações A por Portugal), o grande segredo deste trajecto de crescimento do futebol feminino esteve no desafio/‘obrigação’ lançado pelas “instâncias que regem o futebol”, entre FIFA, UEFA ou FPF, de que as equipas com futebol masculino tivessem também futebol feminino.

“A internacionalização do futebol feminino português também tem ajudado, com as nossas jogadoras que actuam lá fora e também com as estrangeiras que vêm jogar para cá”, reflectiu Dani Veloso, rematando com a importância da formação.

“Há três anos, quando assumi estas funções no Gil Vicente, tínhamos apenas equipa A e B. Criámos logo três escalões: sub-13, sub-15 e sub-17. A aposta seleccionada em treinadores é também muito importante e nós, num concelho tão grande, temos de fazer uma forte aposta na formação. Há também o caso das equipas mistas na formação, o que também se tem revelado frutífero para as atletas, que chegam com outra capacidade ao patamar sénior”, considerou Dani Veloso.

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