Braga, sábado

Novo ano, novos preços

Economia

02 Janeiro 2025

Joana Russo Belo Joana Russo Belo

2025 traz mudanças nos orçamentos das famílias. Aumentos dos preços mais sentidos na alimentação, portagens, água e rendas.

Novo ano, novos preços. 2025 chegou com um aumento dos encargos no orçamento dos portugueses. O novo ano deverá ser marcado por uma descida da taxa de inflação, no entanto, as famílias vão deparar-se com a subida generalizada dos preços de alguns serviços e bens, desde logo portagens, rendas, telecomunicações, pão e café.


Se o ano de 2024 já foi sinónimo de aumento de preços para muitas famílias e de aperto de cinto, 2025 vai acompanhar a tendência, traduzindo-se em mais esforço para os agregados familiares e maiores gastos de uma forma geral. Na lista de compras, há vários alimentos que vão ficar mais caros neste início de mês, caso dos laticínios, café e pão, que estão no topo das subidas, pressionados pelo aumento dos custos dos fac- tores de produção, como matérias primas ou energia, ou do salário mínimo nacional. Além do leite, esperam-se aumentos também no queijo, manteiga e natas.
 

Estimativas da ProVar - Associação Nacional de Restaurantes apontam para uma actualização “inevitável” de 10 cêntimos no preço do café nas pastelarias e cafés e de até 30 cêntimos nos restaurantes. Já a Associação do Comércio e da Indústria da Panificação (ACIP) estima que o aumento do pão seja, pelo menos, de 5%.


E, se uma ida ao talho em 2024 foi ficando mais cara, é preciso preparar a carteira já que a tendência vai manter-se, sobretudo no que toca à carne de novilho.
 

Mas não é só em termos de alimentação que os custos vão reflectir-se: as facturas mensais de água também vão sofrer aumentos, à semelhança de transportes. Quanto às portagens das auto-estradas aumentam 2,21%.


Os preços da electricidade são uma excepção, já que tanto no mercado regulado, como no mercado liberalizado, as tarifas devem baixar. As famílias no mercado regulado teriam um aumento tarifário de 2,1% a partir de Janeiro, mas, na prática, com taxas e impostos, vão ter reduções de entre 0,82 e 0,88 euros, devido à alteração legislativa que aumenta o valor do consumo de energia sujeito à taxa reduzida de IVA (6%).
 

PORTAGENS das auto-estradas nacionais também vão ficar mais caras, em 2025. Ontem, dia 1, as taxas já subiram 2,21%, valor apurado pela taxa de inflação - excluindo a parcela da habitação - referente ao mês de Outubro, que se fixou em 2,11%, a que se soma 0,1% de compensação às concessionárias. Percurso Lisboa/Porto aumenta 70 cêntimos e, na A3, entre o Porto e Valença, custa mais 20 cêntimos (9.95 euros).
 

RENDAS podem subir 2,16%, em 2025, de acordo com o aviso do coeficiente de actualização de rendas publicado pelo Instituto Nacional de Estatísticas. Aumento equivale a uma subida de 2,16 euros por cada 100 euros de renda, o que significa que uma renda de 750 euros poderá aumentar em 16,20 euros. Para alguns, a subida poderá ser mais acentuada: se os senhorios não actualizaram nos últimos dois anos podem acumular até 11,1%.
 

TELECOMUNICAÇÕES Os preços das comunicações da Altice Portugal, que detém a Meo, vão aumentar neste novo ano, conforme o contratualmente previsto e divulgado, excepto no Uzo e Moche. Já a NOS vai manter os tarifários, tal como a Vodafone Portugal, embora esta operadora admita alterações “pontuais” limitadas a um reduzido número de situações e serviços de clientes empresariais.
 

ALIMENTAÇÃO é uma das maiores fatias em termos de aumentos: após o aumento do café nos mercados internacionais, é esperado um aumento de 10 a 30 cêntimos em cada chávena de café. O pão vai ficar mais caro à boleia dos custos de produção e do salário mínimo nacional, numa subida de pelo menos 5% e o preço do leite e dos produtos lácteos deverá continuar em alta, mantendo a trajectória verificada nos últimos meses de 2024.
 

ÁGUA E GÁS Espera-se que aumentos no abasteci-mento de água, em média, se situem entre os 2,1% (entidades municipais) e 4,4% (concessões), enquanto no saneamento estarão entre os 5,9% (concessões) e os 6,4% (entidades municipais). No gás, as tarifas e preços aprovados pela ERSE, que contemplam aumento de 6,9% para o gás natural para famílias em mercado regulado, mantêm-se até 30 de Setembro.
 

Fim dos pórticos de portagem na A28 é a boa notícia de 2025 para a região
 

Apesar do aumento das portagens marcar o início deste ano novo, 2025 traz uma excelente notícia para a região e todos os habitantes, sobretudo, da zona litoral. Ontem, dia 1 de Janeiro, entrou em vigor o fim da cobrança de portagens nas antigas vias sem custo para o utilizador (SCUT), acabando as portagens na A4 - Transmontana e Túnel do Marão, A13 e A13-1, A22, A23, A24, A25 e nos lanços da A28, entre Esposende e Antas e entre Neiva e Darque.


No caso do Minho, da A28, desaparecem, assim, dois pórticos - Neiva e Esposende - deixando de ser cobrado um euro e quinze cêntimos na viagem entre Viana do Castelo e Porto. Para a Associação Empresarial do Distrito de Viana do Castelo (AEDVC), fez-se justiça com a região, que pretende ser mais competitiva.
 

“É uma grande vitória, pela qual a Associação Empresarial lutou muito, com uma petição pública para serem retirados os pórticos da A28, sobretudo o pórtico do Neiva, em que o próprio munícipe tinha que pagar para sair da sua casa e ir trabalhar para Viana. Foi uma grande vitória”, frisou Manuel Cunha Júnior, presidente da AEVDC, ao Correio do Minho, lembrando que a região foi perdendo capacidade competitiva com a introdução de portagens nesta ex-SCUT, em 2011, o que obrigou as empresas e empresários a reinventarem-se à procura de soluções para fazer face às dificuldades.
 

Já o Movimento ‘Naturalmente Não às Portagens na A28’ congratula-se com a redução “significativa”, contudo defende a eliminação de todos os pórticos da via, entre Esposende e a Póvoa de Varzim e o Porto.
 

“Foi uma luta árdua, mas que deu resultados, neste momento, as pessoas estão beneficiadas num trajecto pendular e da cidade para se deslocarem para a zona industrial, antes eram sacrificadas com um valor que, no último ano, era de 45 cêntimos. Mas não foi só o Alto Minho beneficiado, foi todo o Minho, porque ao eliminarem também o pórtico de Esposende toda a região sai beneficiada com uma redução de 1,25 euros”, frisou em declarações à RTP, Jorge Passos. Apesar da boa notícia, “isto sabe a pouco”, quando “comparado com a A22 que foi totalmente isentada”: “a A28 nasceu de uma via já construída e paga do tempo de Cavaco Silva, pelo Orçamento de Estado e fundos FEDER. Era uma via integralmente paga, não fez sentido que absorvessem essa via e voltassem a arrecadar receita de uma coisa que não tinha custos. Felizmente conseguimos que o Minho saísse beneficiado, pena é que toda esta via litoral não tenha sido totalmente isentada”, sublinhou.
 

TABACO E BEBIDAS Apesar de o imposto sobre estes produtos não ter aumentado, o preço dos selos dos maços de tabaco à venda em 2025, a ser suportado pelas tabaqueiras, sofre um aumento em 4%, o que, segundo alguns fiscalistas, pode provocar uma subida do preço final do tabaco.
 

COMISSÕES BANCÁRIAS Ter uma conta ou recorrer a serviços bancários também vai ficar mais caro em 2025, mas a entrada em vigor dos novos preços ocorre em datas diferentes consoante os bancos. No BCP, por exemplo, o novo preçário chega em 1 de Fevereiro e, no Novo Banco, em 1 de Março.
 

MUSEUS A Museus e Monumentos de Portugal aumenta o preço das entradas na maioria dos equipamentos e que variam entre os dois e os sete euros. Há equipamentos culturais que aumentam para o dobro, caso do Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães, de cinco para 10 euros.
 

MEDICAMENTOS Os medicamentos com preço de venda ao público (PVP) até aos 16 euros poderão sofrer aumentos de 2,6%, em 2025. Autorização para o aumento de preço é explicada com a tentativa de “evitar a erosão dos medicamentos com preços mais baixos”, ou seja, para impedir rupturas.
 

LUZ 2025 chega com boas perspectivas para a factura energética das famílias: os preços no mercado regulado vão aliviar entre 0,85 e 0,91 euros, no início de 2025 - pela baixa do IVA - e a EDP já confirmou que vai seguir a tendência, e os clientes deverão sentir, em média, uma redução de 7% nas contas da luz.

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