Braga, quinta-feira

PS de Vila Verde critica compra de património da IEMinho pela câmara

Regional

30 Dezembro 2020

Redação

O PS de Vila Verde acusou hoje a Assembleia Municipal de "passar um cheque em branco" ao executivo ao aprovar a compra do património do antigo Instituto Empresarial do Minho "sem esclarecer o desaire" da participação do município naquele projeto.

O PS de Vila Verde acusou hoje a Assembleia Municipal de "passar um cheque em branco" ao executivo ao aprovar a compra do património do antigo Instituto Empresarial do Minho "sem esclarecer o desaire" da participação do município naquele projeto.

Em declarações à lusa, o líder da bancada parlamentar socialista na Assembleia Municipal (AM) de Vila Verde, Samuel Estrada, considerou que a câmara está a "lançar-se para um segundo episódio duma aventura sem auditar o que correu mal no primeiro episódio".

Na terça-feira, a maioria social-democrata na Assembleia Municipal de Vila Verde aprovou, com o voto contra do PS, a compra do antigo edifício, terreno e mobiliário do Instituto Empresarial do Minho (IEMinho) por 851.500 euros, com o objetivo de "o tornar uma mais-valia para o concelho", prosseguindo a missão de incubadora de empresas ou "atrair" um polo universitário".

A compra daquele património, pertencente à massa insolvente do IEMinho, já foi aprovada em sede de executivo camarário.

"A AM passou um cheque em branco ao executivo no sentido de ter aprovado uma compra sem saber especificamente com que fim, violando os princípios da boa gestão, da eficácia e da eficiência", explicou Samuel Estrada.

O líder socialista acusou o executivo, presidido por António Vilela (PSD), de "não ter acautelado os interesses do município em todo o processo" e de querer dar continuidade a um modelo que "já deu provas de não funcionar".

"A funcionalidade de incubadora de empresas já se viu que não resulta, mas a câmara continua a insistir nessa possibilidade", disse

Para Samuel Estrada, "não faz sentido investir um valor que corresponde a um ano de receita de IRS num negócio que tem na sua origem um erro da responsabilidade deste executivo".

"A câmara comprou por 300 mil euros aqueles terrenos para depois ceder ao IEMinho sem acautelar que os podia reaver caso o projeto não vingasse e vai agora voltar a comprá-los sem destino certo e por proposta dos dois representantes do município no IEMinho que tiveram uma posição passiva na administração do projeto apesar de a autarquia ser o sócio maioritário", explicou.

O responsável adiantou que o PS "votaria a favor se fosse explícito o destino a dar ao edifício, como por exemplo para um polo universitário", mas que "da forma como o negócio foi apresentado paira a incerteza" e "está-se a investir uma verba naquilo que pode vir a ser outro desaire".

À Lusa, confrontado com a posição do PS, o presidente da autarquia, António Vilela, afirmou não estar "surpreendido porque o PS está sempre contra tudo, embora tenha votado a favor da apresentação de uma proposta de compra da antiga IEMinho".

"Nós não podemos condicionar a aquisição de um imóvel para um fim que pode não se concretizar, o que definimos é que preferencialmente deverá ser para uma instituição de Ensino Superior", afirmou.

Questionado sobre os valores envolvidos, António Vilela recusou a acusação deste ser um "mau negócio" para a autarquia.

"O valor do imóvel para leilão é de 1.5 milhões de euros. A autarquia compra agora por 851.500 euros. O diferencial já cobre o valor que pagou na altura pelos terrenos para os poder ceder. Onde é que isto é um mau negócio", questionou o autarca.

O IEMinho foi criado em 2002 com o capital social distribuído pela Câmara de Vila Verde, Universidade do Minho, Associação Comercial de Braga, 2Bvangarve, Adrave-Associação Regional de Desenvolvimento do Vale do Ave e Idite-Minho (sendo que as três ultimas já foram extintas".

Em 2018 foi pedida a insolvência do projeto, que acumulava um passivo superior a três milhões de euros, estando a decorrer um processo judicial.

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